domingo, 18 de julho de 2010

Espelho vilão

Sao 4h59 da manhã em mais alguns minutos e o sol ja estará raiando no meu rosto e eu terei que fechar a persiana , que eu sempre esqueço aberta. Mas posso acordar o horário que eu bem entender.
Eu acho que todos os dias amanhecem domingo e só aos poucos cada dia vai tomando sua forma: segunda-feira, terça, quarta, quinta, sexta, sábado. cada um deles têm seu rosto sutil, ligeiramente diferente dos outros, como uma família de irmãos muito unidos,mas, de manhã bem cedinho, todos os dias são domingo.
Minha casa está em silêncio. Você sabe onde está o seu silêncio? Meu silêncio é minha ilha, é onde me descubro para além dos horizontes do que sei que se pode chamar de eu.É como, de repente, ver a própria imagem num espelho,deste rosto só tenho a imagem que me devolve o espelho e o trato com a cordial indiferença que trataria a alguém familiar, mas pouco íntimo.Meus olhos brilham quando me vêem,mas nada dizem,eu não tenho dúvidas de que esse rosto é a minha cara,a alma passa longe dos espelhos só se reflete um corpo vazio.Acho que é porque eu sei que aquela imagem vai mudar,que aquela ruguinha engraçadinha que eu tenho nos olhos ao sorrir,algum dia vai virar uma ruga feia e velha.
O silêncio,ele continua aqui,agora o dia já ta amanhecendo e ele vai ser formar domingo mesmo,o dia oficial.A minha alma está comigo e ela vai permanecer aqui deve ser por isso que nesse momento o espelho está sozinho.
E assim tão dentro do meu silêncio como nunca antes, não tenho e não quero ter palavras. Quem cria sabe que não há elogio maior do que uma lágrima
Com licença,vou fechar minha persiana...

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